Gelatina
A gelatina é o meio ligante em todos os processos fotográficos actuais, tanto provas como negativos ou diapositivos. Enquanto permanece seca, em ambiente com humidade relativa inferior a 50%, a gelatina é um material estável, que se mantém inalterado por muitos anos. A humidade provoca alterações na gelatina (absorve água, incha, torna-se pegajosa e porosa, absorve sujidades, adere a outras superfícies), que arrastam consigo a deterioração das fotografias.
Gelatina roída
Processos fotográficos em que ocorre - Todos os processos fotográficos com meio ligante de gelatina.
Descrição do seu aspeto visual - A imagem foi arrancada em pequenas zonas, a fronteira apresenta curvas mínimas, resultantes das roedelas. Pode ser visível um percurso do inseto sobre a fotografia.
Mecanismo da deterioração - A emulsão de gelatina é um material orgânico que serve de alimento a insetos e roedores. Neste processo é também arrastada a prata da imagem, que é destruída.
Causas do seu aparecimento - As infestações de insetos têm a ver sobretudo com falta de limpeza da sala de arquivo e humidade elevada. Resulta da falta de condições de manutenção e de humidade relativa elevada, propícia à ocorrência de insetos no depósito de fotografias. É provocada frequentemente por peixe de prata e traça.
Ações para prevenir o seu aparecimento - Manutenção regular da sala de arquivo, limpeza regular e vigilância das condições de limpeza e desumidificação do depósito.
Formas de restauro - A emulsão pode ser reconstituída, em zonas de pequena dimensão, por aplicação de gelatina, diluída em água quente, a pincel. A imagem pode ser reconstituída posteriormente, por aplicação de pigmentos, em zonas de pequena dimensão, contudo é um trabalho recomendado a especialistas.
Emulsão pegajosa
Processos fotográficos em que ocorre - Pode ocorrer em qualquer fotografia com emulsão de gelatina.
Descrição do seu aspeto visual - A gelatina incha por ação da água, torna-se aderente e pegajosa, agarrando sujidades, poeiras e torna-se escura.
Mecanismo da deterioração - A gelatina das emulsões absorve água com muita facilidade e contém sempre alguma água no seu interior, mesmo em condições ambientais secas. Quando o teor de água é elevado provoca uma transformação física da gelatina que incha, tornando-se e mole e pegajosa.
Causas do seu aparecimento - A gelatina torna-se pegajosa quando permanece algum tempo em condições de humidade elevada ou quando é molhada, mesmo com pouca água. A ação prolongada da humidade conduz à deterioração da gelatina. Pode também tornar-se pegajosa por contaminação de alguns plásticos deteriorados, como o caso de emulsão de negativos em película em nitrato de celulose.
Ações para prevenir o seu aparecimento - Manter a humidade relativa da sala de arquivo abaixo dos 50% (idealmente abaixo dos 40%). No caso de suportes em nitrato de celulose será preferível congelar.
Formas de restauro - Quando a ação da humidade não foi prolongada, basta colocar a fotografia em ambiente seco, para a gelatina voltar ao seu estado normal. As sujidades entretanto absorvidas, são de remoção difícil, pois são absorvidas para o interior e não estão acessíveis à superfície da prova.
Emulsão colada (a envelopes ou outras fotografias)
Processos fotográficos em que ocorre - Ocorre em condições de humidade relativa elevada, principalmente com os negativos em vidro e nos negativos em película, que se encontram empilhados sob pressão (com ou sem envelope individual). Pode acontecer também em provas empilhadas ou em contacto com qualquer superfície.Como consequência da humidade relativa elevada, a gelatina das emulsões torna-se assim mole e pegajosa, aderindo a qualquer superfície que esteja em contacto. É mais frequente acontecer em pilhas de fotografias, que se encontrem sob pressão ou sob peso das outras.
Descrição do seu aspeto visual – As fotografias aderem entre si, formando pilhas compactas, que não é possível separar. Pode também ocorrer a colagem da emulsão aos envelopes, páginas de álbuns ou vidros de molduras.
Causas do seu aparecimento - A gelatina torna-se pegajosa quando permanece algum tempo em condições de humidade elevada ou quando é molhada, mesmo sob a forma de salpicos. Pode também tornar-se pegajosa por contaminação de alguns plásticos deteriorados, como o caso de emulsão de negativos em película nitrato de celulose.
Ações para prevenir o seu aparecimento - Manter a humidade relativa da sala de arquivo abaixo dos 50% (ou melhor abaixo dos 40%). No caso de películas com suporte de nitrato de celulose esta aderência dá-se mesmo em ambiente seco, será preferível congelar.
Formas de restauro - O restauro é difícil e geralmente não resulta. Pode tentar-se humidificar o conjunto (ou mesmo molhar), para depois tentar separar. A remoção a seco pode resultar no arrancar da emulsão. Esta intervenção só deve ser empreendida por conservadores especializados.
Camada de gelatina em decomposição
Processos fotográficos em que ocorre - Pode ocorrer em qualquer fotografia com meio ligante de gelatina, já que esta decompõe-se, perdendo a sua consistência e poder aderente, convertendo-se numa substância amorfa.
Descrição do seu aspeto visual - A gelatina deteriorada liberta-se do papel sob a forma de um pó, arrastando consigo a imagem, deixando o papel de suporte, ou a camada de barita, à vista. A superfície da fotografia torna-se áspera e mate, perde o seu aspeto habitual liso e macio.
Causas do seu aparecimento - A gelatina decompõe-se quando permanece muito tempo em condições de humidade elevada ou quando é molhada e permanece molhada um período longo. Pode também ocorrer por contaminação de plásticos deteriorados.
Ações para prevenir o seu aparecimento - Manter a humidade relativa da sala de arquivo abaixo dos 50% (ou melhor abaixo dos 40%). Impedir a ação da água sobre a gelatina.
Formas de restauro - A gelatina pode ser consolidada, com nova gelatina, aplicada a quente, com um pincel. Este tratamento é possível em zonas de pequena dimensão, numa prova ou negativo, mas é impossível quando a deterioração ocorreu em áreas grandes. Depois da consolidação pode dar-se o retoque da imagem perdida.
Emulsão de gelatina rachada
Processos fotográficos em que ocorre - Provas fotográficas em papel plastificado, a cor ou preto e branco, revestidas a polietileno com dióxido de titânio. É mais frequente nas provas anteriores a 1980.
Descrição do seu aspeto visual - Formação de pequenas rachas negras sobre as zonas brancas do papel.
Causas do seu aparecimento - Resulta da ação das radiações ultravioleta sobre a camada de plástico e dióxido de titânio, que está impregnada na camada de plástico em polietileno.
Ações para prevenir o seu aparecimento – Manter as provas no escuro, em ambiente seco, não expor de forma permanente, não expor em locais próximo de fontes de radiação ultra violeta, como janelas ou tubos fluorescentes.
Formas de restauro - Não se conhecem formas de restauro.